13.7.05

Teoria da agressão

O quê, exatamente, nos dá o direito da agressão?
Nem adianta dizer que é o ódio, que não cola.
Seria o amor, talvez?
Claro que não, me disseram que o amor não tem que doer.
Talvez seja a impotência.
Sexual, sanitária, insanidade.
Seria o tal saco cheio?
Ou a tal arrogância, que infla egos de maneira escrota?
Ou ainda a mediocridade, nojenta...
Não acredito na agressão.
Não acredito que só se aprende no tapa, ou no grito, ou na queda.
Não poderia, nunca, confiar nesse critério.
Procuro sempre os não-significados.
Acredito em você.
Na sua verdade, mesmo que não seja uma verdade pra você.
Pelo menos, não uma verdade absoluta, macia e quente e segura, como um bom casaco que te protege.
Acredito na força do verbo.
E sei que o verbo faz sangrar mais que o corte da navalha.
Fossas de palavras mal-ditas, entupidas e transbordantes, com lindas e gordas moscas verdes/azuis.
Mas não é em você que jogo isso tudo.
Destilo minha bile assim, agredindo, sim, claro, o teclado, o fundo branco da tela, quem lê.
Não sei o quê me dá o direito da agressão, do veneno gratuíto.
E, nem sei se quero saber.
Amo-te, sempre.
E não sei como agredi-lo, não consigo e não posso.
I wanna fuck you like a animal*
Trago tudo tatuado, marcado a ferro, em letras garrafais e piscantes.
Neon vermelho.

* Closer - Nine Inch Nails

Roberta Nunes
13/07/2005

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