15.7.05

Silêncio Enxaqueca

Hoje, não quero falar.
Tenho o direito do silêncio.
A dor de cabeça me permite esse silêncio.
Na verdade, ele exige.
Nem o barulho das teclas...?
Esse, eu suporto.
Não suporto ouvir vozes, a minha voz. Mas ler, vá lá.
Quando eu era criança, li um poema infantil, chamado "O Herói Que Matara o Reizinho Inimigo". Me fazia chorar, era triste que só. Ver a gravura do soldado marchando com a medalha enorme no peito, e uma sombra no rosto. Ler sobre o reizinho que morria, chorando junto com o soldado.
Vira e mexe me lembro desse poema. Não lembro do autor, e nunca mais vi o tal livro.
Acho que não era bem um poema para crianças. Era para os adultos.
Matamos um reizinho por dia.
Matamos a pureza de nossas almas, afogamos tudo em mágoa, dizendo palavras desnecessárias e descartáveis, re-utilizadas, e re-aproveitadas de discussões anteriores. Nada de novo. Há algo de PODRE no reino da Dinamarca.
Isso me deixa triste.
Perdi um bom tempo com isso, ocupada em ser perfeita, correta, ignorante e tudo o que você sempre quis.
Boa garota. Um anjo. Vaquinha de presépio. Vaca devassa pra você, e vaca profanada pra mim.
Hoje, não quero mais.
Foda-se.
Me chame pelo meu nome, baby.
E o silêncio não vem, pois as palavras escritas ecoam em altos brados na minha mente, em ritmos punk/hardcore.
Milhares de baterias eletrônicas em potência máxima, dark wave, dark side.
Goze em mim, em alturas rarefeitas.
Me faça esquecer o tal reizinho.
Me chame de amor, se quiser.

Roberta Nunes
15/07/2005

(...
se você me vir sorrindo
no meu fusca azul
caçando uma luz amarela
guiando direto pro sol
estarei preso nas
garras de uma
vida louca.)
Charles Bukowski

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