8.2.07

As pedras no caminho


Caminhar é fácil.
Um pé, depois outro.
Passo por passo.
Um de cada vez.
Tenho me rasgado.
Cortado a pele com lâminas finíssimas, exigentes.
Tenho sufocado meu gemido com mais força.
Tenho abafado meu grito com mais sadismo.
Cutelos enfeitam as paredes da minha mente.
Sombras estranhas nos vãos das portas...
A chuva cai fininha, molhando os cabelos, escorrendo pelo couro da jaqueta, tornando o peso do mundo ainda maior.
As botas enlameadas, e as folhas encharcadas grudando em tudo.
O gosto da chuva é ácido, acre, doce.
Os cheiros da rua me trazem você, graxa, fumaça, asfalto, pneus.
Não vejo a hora do inverno chegar, com dias claros e noites congelantes, tirar meu cachecol roxo do armário, e caminhar como se fosse a coisa mais correta a fazer.
Hoje é um dia qualquer, e você não vai estar no bar à noite, e vou ler o seu nome rabiscado na mesa, e a cerveja será como um alento, uma carícia, um sopro, pra me lembrar sempre do seu hálito durante as sessões de amor urgente e enlouquecido.
Assuntos inacabados, conversas descabidas, falo sobre generalidades, quando queria falar de amor.
A língua passeia pelos lábios arroxeados , beijados e mordidos pela boca quente de outro.
Afogo você em cada copo.
Te sangro em cada suspiro.
Exorciso o mal que brota em mim quando ouço seu nome.
Vou pro inferno?
Talvez.

Roberta Nunes
08/02/2007



Silent
Paradise Lost

After all wars
We lie, as shelter falls
The world is but hell
A place darkened out by time
Submit to the fall
Live in peace for years
Turn back the hands of time
Light shines before
As lives are torn
Morals slow decline
We'll live in cold fear
Until we lay dead
Silent our pleas
Search for the end


Silencie

Descansamos após todas as guerras
Enquanto o abrigo cai
O mundo é um inferno
Um lugar sombrio fora do tempo
Renda-se à derrota
Vivo em paz há anos
As luzes brilhavam antes
A vida se esvai
A moral se declina
Vamos viver num frio medo
Até morrermos, silencie nossos apelos
Procurando o fim

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