11.6.05

Pedra

E sigo, nessa loucura de vida.
Viajo nos seus lábios, e gozo na sua saliva.
São beijos de febre, como li uma vez Álvares de Azevedo no colégio, e não te conhecia ainda!
Te tenho na pele, como uma das minhas tatuagens, a primeira.
Faço de você minha pedra fundadora: não existia nada antes.
Em delírios e beijos, e convulsões, imagino seu corpo despido, de roupa e pele, caminhando para mim, sua voz vindo, dizendo que me ama...
Despida do pudor, ouço o som das ondas, e ouço Cure, e penetro nas sombras do seu desejo.
Deixo de ser, para estar. E assim caminho.
Te dou o que não tenho, e faço o que me manda, e me ajoelho para receber seus sacros mandamentos de amor.
Seus olhos iluminam meu dia? Não sei.
Ouço bandolins no sol da manhã.
Meu amor me leva para terras loucas, onde poesia é servida no café da manhã. E Marquês de Sade no jantar!
E amo com profundidade, com totalidade.
Faço do meu útero um templo, que recebe libações e sacrifícios, e tomo no meu corpo seu corpo que é meu.
Sua língua é meu punhal, que penetra em mim com verdades que não revelo, nem assumo.
Me banho na pureza e na imperfeição do seu prazer.
Te levo comigo, seu cheiro na minha roupa, seu gosto em mim.
E, assim, caminhamos.

Roberta Nunes
10/06/2005

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