Rapidinha

O Vampiro entrou no salão, e fez questão absoluta de ser notado.
Escolheu uma mesa no mezanino, bem de frente para a pista de dança, e disse em voz alta:
- Um Bloody Mary.
O garçom, com aquela cara de paisagem, fez a anotação mental de “idiota”, e foi providenciar o pedido.
A casa noturna era elegante, frequentada pela elite da cidade, cheia de garotas e rapazes lindos, ricos e ocos, o tipo de pasto ideal para um apreciador de sangue jovem.
Óbvio que, para aquela turma, um cara com olhar de conquistador mexicano, uma roupa de morcego de festa de Halloween, um topete inspirado nas bandas oitentistas, era mais do que um “tiozinho” completamente perdido.
As garotas riam das suas cantadas prontas, os rapazes achavam ridícula aquela “dança com a parede”.
Até no momento verdadeiramente trash da noite, quando o DJ resolveu evocar os terríveis acordes das medonhas músicas bregas brasileiras ele, ainda sim, era o mais ridículo da pista.
Bom, depois de uns dez ou doze Bloody Marys, devidamente "batizados" pelo garçom emputecido, qualquer um amarraria a gravata de seda na testa!
O suor vermelho escorria pelo corpo, e fedia à vinho azedo.
O cabelo, imaculadamente negro, mais parecia pelo de cachorro molhado.
O terno de veludo negro, feito sob medida, parecia um trapo.
E a capa? De seda negra, forrada de vermelho, cobria uma enorme poça de vômito no canto mais escuro.
Jura por Nosferatu que não lembra como a noite acabou.
Mas, continua a freqüentar a mesma boate, e levando mordidinhas do garçom, aquele.
Dizem as más línguas que já faz algum tempo que ele não consegue sentar direito.
Diz nosso herói que é por causa das más línguas...

* Bela Lugosi, PERDÃÃÃÃOOOO!!!!