15.5.08

em algum dia de maio

A espada jazia na lama.
A lâmina, outrora reluzente, estava negra de sangue seco.
Nem a chuva incessante dissolvia aquela bainha funesta.
Logo, a própria lama, onde repousava, displicente, a cobriu.
E nem o som das grossas gotas batendo no metal era mais ouvido.
E os corvos e abutres fugiam, assustados com aquela tempestade tão incomum.
Mais parecia um lamento dos céus, derramado pelos valorosos que tombaram naquele dia.
Mas, aquele não seria o último dia daquela lâmina.
Ela não seria maculada pelo tempo, seu fio permaneceria mortal, e a oxidação não mancharia seu aço.
Ela adormeceria, até que mãos poderosas, destemidas e valentes a tomariam para si, tal qual um marido toma sua noiva virgem na noite de núpcias, primeiro com cuidado, depois com paixão. E ela se entregaria a ele tal qual uma noiva virgem, primeiro com medo e receio, depois com volúpia e alegria.
E seriam um só nesse momento, uma só alma pulsando, pensando juntos, um sendo parte do outro, até não restar uma só cabeça sobre os ombros dos inimigos.
A espada saberia esperar.
Sempre fora paciente.
Ela era eterna, como as pedras que lhe enfeitavam o punho.
O tempo dos homens não era nada para ela.
Dormiria, sonharia e seria recompensada.
Seu senhor estava vindo.

E nunca mais sentiria a dormência que as águas gélidas do lago provocava.

Roberta Nunes
em algum dia de maio de 2008


Mordred´s Song - Blind Guardian

“Nothing else,

but laughter is around me
forever
more
no
one can heal me
nothing can save me
no
one can heal me
I've gone beyond the truth
it's just another lie
wash away the blood on my hands
my father's bloodin agony we're unified”



“Nada mais

Senão risadas me cercam
Para sempre
Ninguém pode me curar
Nada pode me salvar
Ninguém pode me curar
Eu fui além da verdade
É só mais uma mentira
Lavo o sangue das minhas mãos
O sangue de meu pai
Na agonia nós estamos unificados”
...

Um comentário:

  1. Nunca uma espada recebeu uma ode tão sentida.
    Nobre Ro. Profana!
    Beijo.

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