14.6.07

Way



tenho, pra sempre, eu acho, o gosto de uma leve insatisfação na boca.
um resquício de beijo que ficou, e que nenhum outro se compara.
o fato é que não consigo lembrar.
one, quando, como.
se foi nessa, ou em outra vida.
uma busca coonstante me leva sempre a todos os lugares, e bocas.
testo os sabores, misturo com os aromas.
os cheiros de vida e sacrifícios e experiências.
os cheiros e gostos que o amor pode trazer.
despertar os sentidos, trazer à tona os sonhos mais estranhos.
não poderia deixar de ser.
essa busca é o que move a humanidade, eu acho.
e, claro, eu não pderia escapara dela.
tenho paixão.
e tenho medo de provar minha capacidade de amar.
e tenho sempre que mostrar que isso não é da minha natureza.
hoje o dia vai ser longo, e a noite me espera com mais uma bebida e estrelas.
e, quem sabe, um beijo furtivo no canto da boca de alguém, só esperando pelo meu chamado.
e a poesia não tem sido satisfatória, sempre parecendo incompleta e cansativa.
o trânsito segue, indiferente e o ruído, incessante.
procuro pelo beijo.
pela boca.
pelo copo.
uma taça, talvez, um belo cálice de prata.
um devaneio insano.
comum da minha natureza.
e o sorriso vem, com olhos cobertos, enrolado num cachecol roxo, nesses dias malucos de outono.

Os mastins negros vão ladrando a lua...
O Cairo é de uma formosura arcaica.
No ângulo mais recôndito da rua
Passa cantando uma mulher hebraica.
O Egito é sempre assim quando anoitece!
Às vezes, das pirâmides o quedo
E atro perfil, exposto ao luar, parece
Uma sombria interjeição de medo!
Augusto dos Anjos

Um comentário:

  1. Ro,

    "tenho, pra sempre, eu acho, o gosto de uma leve insatisfação na boca"

    Been there, done that, babe.

    I'm with you.

    We're always the same.

    And it's never enough.

    Kissyou.

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